__ texto publicado no Big Data Business __
Você já ouviu falar de jornalismo de dados ou “Data Journalism”? Esse é um assunto novo e, de fato, uma tendência para os profissionais de comunicação, computação, design e áreas afins.
De forma genérica, o significado do termo “jornalismo de dados” é exatamente o que parece ser: um meio de se fazer jornalismo com base em dados. Mas isso não é o suficiente para entender o assunto, certo?
Dados, a nova fonte jornalística
Bases de dados estruturadas, Big Data, dados abertos e todos esses termos podem sim ser relacionados ao fazer jornalístico. Cada passo nosso gera uma série de rastros em bancos de dados espalhados ao redor do mundo e, de fato, isso ainda não é muito explorado. Hoje é difícil cavar pautas escondidas no meio desse infinito de dados que geramos diariamente, e por isso surge esse conceito de Data Journalism e o assunto ganha relevância.
E o que faz o jornalismo de dados um tipo diferente das outras formas de se produzir notícias? Podemos dizer que o seu método e a lógica de pensamento. A partir de grandes bases de dados, o jornalista tenta fazer seu storytelling. Ou o contrário: às vezes se tem um bom fato para ser contado e o profissional pode optar pelo foco no uso de bases de dados para fazer a narrativa, seja por meio de infográficos, visualizações interativas ou o que mais a criatividade permitir.
No trabalho de Data Journalism é crucial juntar dados, filtrar e criar visualizações para eles. “Fazer as perguntas certas” para os dados e descobrir boas histórias para serem contadas a partir de planilhas é uma das tarefas deste tipo de jornalista.
Na era do jornalismo de dados, a busca pelo furo jornalístico deixa de ser o objetivo, e o maior foco passa a ser a busca aprofundada sobre o significado de certos fatos.
Quer exemplos concretos do uso do jornalismo de dados? Selecionamos alguns cases realizados ao redor do mundo.
1- Estadão Dados – Basômetro
Esse projeto criado pelo jornal brasileiro Estadão foi um dos pioneiros por aqui. O objetivo do Basômetro é medir o grau de apoio de senadores e deputados ao Governo Federal no Congresso Nacional, partindo de uma análise individual ou partidária.
É uma nova forma de se criar uma narrativa jornalística, pois o leitor é o responsável em gerar seu próprio fluxo de busca de informações. Não há um texto ou hierarquia de informações criadas previamente na redação.
2- Alemanha – Uma história a partir de dados de celular
O que nosso celular pode contar sobre a gente? Aqui está a resposta: Malte Spitz, do Partido Verde alemão, tomou a decisão de abrir seus próprios dados e problematizar a questão. Ele abriu um processo contra a gigante das telecomunicações da Alemanha, Deutsche Telekom, para ter acesso a seus dados. Após receber um documento gigantesco de Excel, criou um mapa interativo com isso e publicou no jornal Zeit Online.
Em mais de 35 mil linhas de planilha, a sua história foi contada. Cada lugar onde esteve e cada transferência de informação estava ali. Tudo isso até parece ser inofensivo, mas pode não ser. Aí estão hábitos, costumes, preferências e escolhas de uma vida privada. Quando ele usou avião ou trem, onde ele parou para comer, quando acordou ou dormiu. Todos os fatos estão ali, explícitos pelos dados.
A planilha de dados pode ser visitada aqui e a reportagem pode ser lida no Zeit Online.
3- Guardian e o DataBlog
O grande jornal britânico The Guardian também se apropria do jornalismo de dados. Ele revela o processo de construção de notícias e compartilha dados de forma muito bem-sucedida por meio do seu Data Blog.
4- Gapminder
Esse site é um hub de cases. Ele oferece visualização de vários dados e fatos. Por exemplo, aqui é possível acompanhar um gráfico interativo de emissão de CO2 no mundo inteiro desde 1820.
Já nesse mapa é possível acompanhar dados em um mapa sobre a concentração do vírus HIV, com dados coletados desde 1980. Falando no vírus, você sabe como o Big Data é capaz de combater doenças e epidemias?
5- Ojo Púlico
O peruano Antonio Cucho, ativista de dados abertos, criou o projeto Ojo Público e gerou um impacto considerável no contexto do jornalismo de dados. Trata-se de um site que oferece uma revisão histórica das declarações de bens dos candidatos e prefeitos de Lima, capital peruana.
Cucho explica que o seu projeto nasceu para contar “as coisas que os outros não querem contar”. A parte mais legal dessa história é que os dados usados pelo site não eram públicos e foram abertos graças a um pedido de acesso à informação idealizado pela Ong Suma Ciudana.
Esse assunto te interessou e você quer se aprofundar nele? Nossa dica é que baixe o Manual de Jornalismo de Dados.
Se você curtiu o assunto, mas não se vê como jornalista de dados, fica a dica para conhecer também um novo perfil profissional, o cientista de dados.